Símbolo da mais nova agremiação do Rio, a Botafogo Samba Clube, que substitui a Tupy de Braz de Pina (Foto: Reprodução/Facebook)Símbolo da mais nova agremiação do Rio, a Botafogo Samba Clube, que substitui a Tupy de Braz de Pina (Foto: Reprodução/Facebook)

Os foguetes e bandeiras vão continuar nas arquibancadas, mas não só nos estádios. No carnaval de 2019, torcedores vão se transformar em componentes e quem vai adentrar o gramado, ou melhor a passarela, é a Botafogo Samba Clube, a mais nova escola de samba da Série D, do Rio. Nascida de uma torcida de futebol, ela vai desfilar na Estrada Intendente Magalhães, em Campinho, na Zona Norte do Rio.

A agremiação alvinegra vai substituir a tradicional Tupy de Braz de Pina, fundada em 1948 e que desfilou pela primeira vez em 1956, no então Grupo 2. A azul e branco do bairro Brás de Pina chegou a se apresentar na elite do carnaval carioca por dois anos, na década de 50.

Mas enfrentando uma série de problemas ao longo dos anos, a Tupy não desfilou de 1999 a 2014. Voltou em 2015 na Série E – a última divisão do carnaval – e desde 2017 vinha se apresentando na Série D.

De acordo com o presidente Alex Costa, o Alex Botafogo, integrante da torcida organizada Fogoró, a criação da escola de samba nasceu da ideia antiga de unir duas paixões: samba e futebol. E de ver as cores da Estrela Solitária brilhando na avenida.

“Vamos levar as cores alvinegras para a avenida com muita seriedade. Como falta pouco menos de sete meses para o carnaval, estamos correndo com a documentação e resolvendo problemas de ordem prática, como a contratação de mestre-sala e porta-bandeira e coisas do gênero”, disse o presidente.

Túlio Maravilha, um dos ídolos do Botafogo, vai ser o enredo do carnaval de 2019 (Foto: Arquivo/Agência O Globo)Túlio Maravilha, um dos ídolos do Botafogo, vai ser o enredo do carnaval de 2019 (Foto: Arquivo/Agência O Globo)

Segundo o presidente, a única coisa que está confirmada para o carnaval de 2019 é o enredo: “Túlio, o glorioso”, uma homenagem a um dos ídolos do clube, o jogador Túlio Maravilha. O jogador atualmente joga pelo Atlético Carioca, time de São Gonçalo, na Região Metropolitana, que disputa a 4ª divisão do campeonato estadual do Rio de Janeiro.

Mas nem tudo são flores na chegada da Botafogo Samba Clube. A escola Império Ricardense, também da Série D, divulgou carta questionando a legitimidade da agremiação junto à Liga das Escolas de Samba do Brasil (Liesb) – que organiza os desfiles das séries B, C e D, que acontecem na Estrada Intendente Magalhães.

A Liesb informou que não há irregularidade na criação da Botafogo Samba Clube, que o que houve foi uma alteração interna na agremiação (Tupy de Braz de Pina). Como a escola permanece com o mesmo CNPJ, é preciso apenas registrar o documento dessas alterações internas – nome, presidência, diretoria – em cartório, como exigido pelo regulamento.

Se a escola fosse fazer um cadastro, com CNPJ novo, teria de começar o carnaval de 2019 desfilando na Série E, a cargo da Associação Cultural Amigos do Samba (Acas).

Sonho da Raça Rubro-Negra não foi adiante

Esta não foi a primeira vez que uma torcida de time de futebol ingressou no mundo do samba, no Rio. Em 2013, a torcida Raça Rubro-Negra, do Flamengo, decidiu criar agremiação de samba. A escola, batizada de Império Rubro-Negro durou menos de um ano e só desfilou uma vez, em 2014, no lugar da escola de samba Império da Praça Seca, pelo Grupo B. Problemas burocráticos acabaram dando fim ao projeto.

São Clemente já foi time de futebol de praia

A escola de samba São Clemente, no Grupo Especial desde 2011, nasceu de um time de futebol. (Foto: Alexandre Durão/G1)A escola de samba São Clemente, no Grupo Especial desde 2011, nasceu de um time de futebol. (Foto: Alexandre Durão/G1)

No Rio, a ligação entre samba e carnaval vem de longa data. A São Clemente, escola que desfila no Grupo Especial desde 2011, nasceu de um time de futebol de praia, o São Clemente Futebol Clube. O time, formado em sua maioria por moradores da Rua São Clementee, em Botafogo, foi criado por Ivo da Rocha Gomes, em 1951, e tinha uniforme nas cores azul e branco.

Um dia, enquanto esperavam para embarcar para uma excursão para um jogo em Japeri, na Baixada Fluminense, Ivo começou uma batucada com barricas numa quitanda. E aí, em 1952, o fundador do time teve a ideia de criar um “bloco de sujo”, como são conhecidos blocos de rua desorganizados e improvisados, quase de forma proposital.

Carnaval vai, carnaval vem, em 1961, o azul e o branco do time deram lugar ao amarelo e o preto, que eram as cores do clube uruguaio Peñarol, pelas quais Ivo se apaixonou. O bloco cresceu tanto, que no ano seguinte virou escola de samba e desfilou pela primeira vez pelo então Grupo 3. De lá para cá, o time não foi adiante, mas a escola de samba segue firme no carnaval carioca.

Em São Paulo quatro torcidas deram origens a escolas de samba

O Botafogo Samba Clube segue os passos de quatro torcidas do futebol paulista. A primeira delas é a Mancha Verde, do Palmeiras, que em 1995 se transformou em bloco carnavalesco e em escola de samba cinco anos depois.

Em 2006, a agremiação participou da criação do Grupo Especial das Escolas de Samba Desportivas, que seria composta somente por torcidas de futebol. Mas o projeto não foi adiante, ela desfilou sozinha, e dois anos depois essa liga foi extinta.

Além da Mancha Verde, desfilam no carnaval paulistano a Dragões da Real, do São Paulo – que foi vice-campeã em 2017 -, a Independente Tricolor, também do São Paulo e a Gaviões da Fiel, do Corinthians.