Mais de 70% de posse de bola e 17 finalizações comprovam volume, mas números não ganham jogo e, nesse caso, também não refletem postura do Botafogo, que pouco incomodou

O Botafogo encerrou os 180 minutos contra o Cuiabá, pelas oitavas de final da Copa do Brasil, de forma melancólica. O empate em 0 a 0 na noite da última terça-feira, na Arena Pantanal, expôs a falta de opções de um time que se organizou para ter a bola e pressionar, mas apresentou poucos recursos para alcançar a classificação e, tão importante quanto, a premiação de R$ 3,3 milhões.

Como havia perdido por 1 a 0 no Rio de Janeiro, o Botafogo está eliminado da Copa do Brasil.

O jogo de ida foi crucial para a eliminação. Afinal, perder em casa para um time com inúmeros desfalques e que tratava a Copa do Brasil como plano secundário foi um infortúnio dos mais doídos. Mas é a soma dos dois confrontos que evidencia um Botafogo apático, que toca a bola à espera de um milagre no ataque. É querer demais.

– A gente teve dificuldades porque encaramos 10 jogadores no campo de defesa. Tentamos, tivemos oportunidades. A questão não foi esse jogo, foi o primeiro. Não tivemos postura para jogar mata-mata, a importância que seria ganhar um jogo em casa – resumiu o interino Flavio Tenius, que não tem a menor culpa pela eliminação.

Assim como na partida da semana passada, o Botafogo foi dominante. Com mais de 70% de posse de bola, o time finalizou 17 vezes, mas números não ganham jogo e, nesse caso, também não refletem a postura do Bota, que jogou no campo do adversário sem incomodar de fato. Foram apenas três chances claras, todas em finalizações de Pedro Raul. A principal delas parou no travessão.

No mais, o que se viu foi um time que rodou a bola sem criar oportunidades, mesmo não tendo que lidar com a pressão do adversário, que jogou apenas esperando o erro do visitante. Mérito do Cuiabá? Com certeza! Mas muito mais ineficiência do Botafogo.

  • Posse de bola: 28% x 72%
  • Finalizações: 6 x 17
  • Escanteios: 4 x 7
  • Desarmes: 11 x 24

    As escolhas erradas também explicam a eliminação. Tanto de quem estava em campo quanto na montagem do time, fato que traz à tona mais uma vez o planejamento equivocado para a temporada. Poucas contratações surtiram efeito, e o resultado é a falta de opções do comandante para escolher os 11 ou ousar numa mudança com o jogo em andamento.

    A ineficiência do ataque é centro do problema. Pelas pontas, Kelvin e Warley não fizeram bom jogo, acentuando as dificuldades do Botafogo, que muitas vezes tentou usar os lados do campo para infiltrar a defesa adversária. Bruno Nazário tentou preencher, em especial pelo lado esquerdo, mas não conseguiu desequilibrar, apesar de mais participativo do que nos jogos mais recentes.

    O chuveirinho apareceu de novo. O Botafogo tentou vários cruzamentos ao longo da partida. Sem efeito.

    É chover no molhado, mas sem Luiz Fernando, emprestado ao Grêmio, e Luis Henrique, vendido ao Olympique de Marselha, o Botafogo perdeu a força ofensiva da temporada e sofre no mercado para buscar uma reposição à altura. Não é só velocidade que falta ao time.

    O Botafogo apresentou um jogo pobre nos 180 minutos, mantendo a bola sem objetivos claros. O novo técnico terá problemas grandes ao assumir o Botafogo e vai precisar de um misto de competência e sorte. Alberto Valentim, Paulo Autuori e Bruno Lazaroni já tentaram sem sucesso nesta temporada.

    Fonte: GE