10 de novembro de 1944. Era uma tarde ensolarada de Domingo e General Severiano estava lotado. era dia de Botafogo e Flamengo. A partida naquela ocasião, era válida pelo segundo turno no campeonato Carioca. No primeiro, O time da Gávea havia aplicado uma goleada de 4×0 e contava com uma invencibilidade de 6 jogos sem perder para o Botafogo. O que criou uma enorme expectativa por parte do alvinegro. E claro, o já presente desde sempre clima de rivalidade. Mas o que era pra ser mais um clássico, acabou ficando marcado como um dos maiores jogos da história do clube, e do folclore do futebol carioca.

A partida se deu início as 15:15h. No primeiro tempo. Um jogo duro e pegado como era de se esperar. O ídolo Heleno de Freitas abriu o placar para o Glorioso aos 20 minutos e logo aos 30 veio o empate rubro-negro com Jaime de Almeida. No final do primeiro tempo, aos 44 minutos, o argentino Valsecchi colocou de novo, o Botafogo na frente.




Na segunda etapa, com o embalo de uma grande festa da torcida, o Botafogo foi pra cima e abriu uma goleada de 4 a 1. Valter e Heleno de Freitas marcaram os tentos aos 68 e 70 minutos respectivamente. O Flamengo ainda diminuiu com Jarbas. Mas mesmo assim, a superioridade do Botafogo na partida era visível e a vitória já era praticamente dada como certa aos que estavam ali presentes. Porém, aos 76 minutos a história começa a acontecer.

Após receber um passe de Heleno, o atacante Geninho emendou de primeira. A bola bate na parte debaixo do travessão, quica no gramado e volta ao campo de jogo. A polêmica, fica por conta de se a bola entrou ou não. O lance gerou muita dúvida, mas os jogadores do Botafogo e os torcedores não exitaram em já sair comemorando o gol. Que logo foi confirmado pelo árbitro Aristides Figueira, popularmente conhecido como “Mossoró”.

Já pelo lado do Flamengo, a revolta foi grande. Convictos de que a bola não havia ultrapassado a linha, reclamaram de forma expressiva durante vários minutos com o árbitro. A reclamação se estendeu dos jogadores para dirigentes e comissão técnica foram ao campo protestar. Ninguém do lado rubro-negro aceitara a marcação. O tempo foi passando e Mossoró tentava dar reinicio a partida para os 15 minutos que restavam. Porém, o time da Gávea não aceitaria que isso acontecesse caso o gol não fosse anulado.

A polícia chegou a ter que entrar em campo para controlar a situação:

Revoltado, o vice-presidente do Flamengo ordenava que seu time saísse de campo. Porém a atitude não era de consenso do resto da cúpula rubro negra. Então, com os ânimos menos exaltados, mas ainda contrários da decisão, alguns jogadores do Flamengo sentaram no campo. A atitude não deixaria que o jogo reiniciasse já que o Flamengo ao tomar o gol que deveria dar a saída de bola no meio. Com seus jogadores sentados, e muito tempo já se passado, o juiz determinou o fim da partida. Decretando a vitória por 5×2 do Botafogo.




A confusão não terminou junto ao fim do jogo. Durante a semana, dirigentes do Flamengo faziam duras críticas a arbitragem. O fato incomodara até mesmos os jornalistas que criaram o termo “o jogo do senta” para tratar pejorativamente a partida mediante as continuas reclamações dos mandatários rubro-negros.

A verdade é que até hoje não da para saber ao certo se a bola entrou ou não. Vale ressaltar que estamos falando de 1994, o máximo de tecnologia de imagem que havia dentro de campo eram as gigantesca câmeras fotográficas dos jornais a beira do campo que em nada poderiam ajudar. De fato, só podemos ouvir os relatos de quem ali estava próximo. Os jornalistas que estavam perto, dizem que o lance foi muito rápido, sendo impossível de tirar uma conclusão concreta. Mas, pelo movimento da bola, a impressão é que tenha batido no ferro se sustentação da trave a impulsionando para fora do gol.

Outro fato evidenciado pelos que lá estavam, era a superioridade do Botafogo na partida, junto ao pouco tempo que faltava para o fim. Com isso, aquele gol não parecia ter tanto peso no resultado final. O que torna desproporcional a revolta por parte do Flamengo naquele momento.

Essa é a real origem do “chororô”. Uma história que pelo menos ao meu ver, não possui a divulgação para o tamanho que foi. Principalmente por parte da mídia. Porém, é dever do Botafoguense ter conhecimento e orgulho da gigantesca história do seu clube. Essa é só mais uma página, do imenso livro de histórias desse clube chamado Botafogo de Futebol e Regatas.

Ficha do Jogo:

BOTAFOGO FR 5 x 2 CR FLAMENGO
Data: 10 de setembro de 1944
Local: Estádio de General Severiano.
Árbitro: Aristides Figueira
Gols: no primeiro tempo: Heleno (Botafogo), Jaime (Flamengo) e Valsechi (Botafogo). No segundo tempo, Válter (Botafogo), Heleno (Botafogo), Jarbas (Flamengo) e Geninho (Botafogo).




Escalações:

Botafogo F.R.: Ari; Laranjeiras e Ladislau; Ivan, Papeti e Negrinhão; Lula, Geninho, Heleno de Freitas, Valsechi e Válter

C.R. Flamengo: Jurandir; Newton Canegal e Quirino; Biguá, Modesto Bria e Jaime de Almeida (pai do técnico); Nilo, Zizinho, Sílvio Pirilo, Sanz e Jarbas.