Carlos Augusto Montenegro esclarece nova aposta do clube na “busca por dinheiro novo” para tirar o Botafogo da falência: “O Projeto 1 esfriou, e o Projeto 2 está a todo vapor”

Termo proibido até poucos dias nos bastidores do Botafogo, a recuperação judicial ganhou o noticiário alvinegro recentemente como opção a ser considerada por um clube que um dos principais dirigentes considera como já falido. Mas o processo, por enquanto, não passa de uma alternativa. O Botafogo, agora, concentra suas forças em um novo projeto que busca a concretização da tão sonhada S/A.

Chamado de “Projeto 2”, o novo plano já foi apresentado aos dirigentes e será divulgado com mais detalhes assim que todas as informações estiverem consolidadas. Trata-se de uma alternativa ao “Projeto 1”, idealizado e tocado pelo empresário Laércio Paiva, que se afastou do processo.

O plano anterior, conforme elucidou Carlos Augusto Montenegro em entrevista na noite da última quarta-feira, tinha como investidores majoritários os irmãos Moreira Salles, que definiram junto a Laércio um caminho de como gostariam que o projeto fosse tocado.

Parceiros de longa data do clube e envolvidos também na construção do novo CT, os irmãos entrariam com R$ 126 dos R$ 250 milhões necessários como aporte inicial para a S/A.

– Foi contratada uma empresa especializada, que referendou toda a parte da dívida, isso a gente tem na ponta do lápis, mas não tinha experiência para conseguir o resto do dinheiro. Quem ficou com esse papel acabou sendo o Laércio e ele fez bem, mas enfrentou problemas – explicou Montenegro.

Com a missão de arrecadar os outros R$ 124 milhões, Laércio chegou ao montante de R$ 54 milhões e, a partir daí, tendo a pandemia como agravante, a arrecadação não andou mais.

– O Laércio é um precursor da ideia de buscar dinheiro novo, trabalhou pra caramba, ele sempre vai ser homenageado em qualquer momento que tivermos êxito.

Por que não usar os R$ 180 milhões arrecadados?

A proposta de parte dos dirigentes foi dar início ao projeto com o recurso que tinha sido garantido e, além disso, usar parte da verba arrecadada com cotas de TV e venda do atacante Luis Henrique ao Olympique de Marselha para apresentar logo uma proposta aos credores e diminuir o valor do aporte inicial na S/A abatendo despesas.

– O investidor principal não aceitou – revelou o ex-presidente.

“Projeto 2” muda perfil dos investidores e começa do zero

Enquanto o primeiro plano tinha já de cara o investimento de R$ 126 milhões dos irmãos, o “Projeto 2” ainda não tem investidor, mas conta a seu favor, conforme acreditam os dirigentes, o fato de abrir o leque e aceitar investidores de perfis diferentes e também de fora do país, por isso foi traduzido para o inglês.

O nome à frente do processo é o empresário Gustavo Magalhães, que, vale destacar, sempre foi um crítico do plano anterior, principalmente porque este recusava investidores que não se encaixavam no perfil aceito pelos majoritários. Os irmãos não abririam mão de serem os principais investidores.

“O Projeto 1 esfriou, e o Projeto 2 está a todo vapor”.

Apesar de ainda buscar regularizar o projeto, Gustavo já iniciou o contato com os possíveis investidores e sabe que corre contra o tempo. Uma missão é convencer as pessoas que toparam investir os R$ 54 milhões a permanecerem nesse novo modelo de S/A, que agregou informações do plano elaborado por Laércio.

A dívida levantada para o “Projeto 1” não muda e permanece considerada pelo plano atual. Uma nova aposta para tirar a “Ferrari da lama”.

A diferença no projeto do Gustavo, de acordo com Montenegro, está na flexibilização. Se ele tivesse, por exemplo, os R$ 180 milhões arrecadados no primeiro modelo tentaria um acordo com os credores. Tanto é que já está conversando com essas pessoas a quem o clube deve para que, com o dinheiro em mãos, a oferta esteja encaminhada.

Mas o andamento do projeto depende ainda de outro processo pelo qual o Botafogo vai ser submetido: a eleição para escolha do novo presidente no dia 24 de novembro. Caberá ao próximo mandatário conduzir a situação.

– Se nada acontecer, teremos que pensar em recuperação judicial sim. Não podemos ter despesas de R$ 10 milhões mensais e arrecadação de R$ 800 mil. Vão faltar R$ 9,2 milhões todo mês. A recuperação não é o que me agrada, não é o que busco. Estou focado no projeto do Gustavo e sou Gustavo até a morte – ponderou Montenegro.

Assim o ex-presidente e atual membro do Comitê Executivo de Futebol tentou esclarecer a quantas andam o projeto clube-empresa, ou como prefere Montenegro, a busca por dinheiro novo. Há gratidão pelo processo iniciado por Laércio Paiva e esperança no plano que Gustavo Magalhães tentará colocar em prática, mesmo que ambos não tenham sido unânimes entre os membros da diretoria alvinegra.

Fonte: GE