Carlos Eduardo Pereira e Nelson Mufarrej mantêm boa relação

A saída de Carlos Eduardo Pereira do grupo Mais Botafogo não será acompanhada de nenhum radicalismo. Atual vice-presidente geral do Glorioso, o dirigente não pretende modificar sua atuação no cargo ainda que tenha rompido com a coalizão de situação do clube.

— O grupo vive um momento difícil. Tenho divergências com o comando, sejam gerenciais ou mesmo filosóficas. Me entristece que algumas pessoas tenham tentado diminuir os feitos da gestão, mas guardo amigos que estarão ao meu lado em outras eleições. Manterei as minhas opiniões, mesmo as mais críticas. É um regime presidencial. Tenho boa relação com o Nelson (Mufarrej) — que originalmente nem era do Mais Botafogo — portanto não haverá dificuldade. Serei neutro, não serei oposição — disse.

O ex-presidente alvinegro tomou o cuidado de esperar um momento sem grandes decisões no futebol para anunciar sua saída do grupo. CEP, como é conhecido, se disse decepcionado com os resultados do time em 2019.

— Claro que é uma decepção. O grupo e o Zé Ricardo admitiram isso. O Botafogo não pode ser o oitavo colocado do Estadual, atrás de equipes menores. A diretoria precisa estar atenta, não só para as Copas, mas para o Brasileiro. Espero que voltemos aos trilhos contra o Juventude.

Apesar de não externar as divergências que lhe fizeram romper com o grupo que é membro desde 2011, Pereira garantiu que que a decisão não tem relação com o momento do futebol. E rechaçou “qualquer tipo de crise”.

— Precisa haver uma compreensão da realidade do clube e do país. O momento é difícil, mas longe do caos de 2014, quando assumimos. É muito diferente, não à toa, o presidente em questão (Maurício Assumpção, cujo nome não foi citado por CEP) foi expulso do quadro social. O Botafogo é viável, mas neste momento, ainda por conta de dívidas antigas, tem dificuldades — explicou.

Carlos Eduardo Pereira se mostrou, ainda, um entusiasta da ideia dos irmãos Moreira Salles assumirem o comando do futebol do clube. Ele lembrou que ainda não há nada concreto, mas que “como todo botafoguense”, está aberto ao diálogo com os empresários.

— Prefiro aguardar o momento em que soubermos de maneira concreta como será a ideia. Mas claro que estamos abertos ao diálogo. No fim da minha gestão, eles foram importantíssimos na negociação pelo centro de treinamento. Confiamos neles. Podem trazer um belo caminho para o futuro do Botafogo — destacou.

Grande benemérito do clube, Carlos Eduardo também garantiu que não criará um novo grupo político — “nunca precisei disso para ajudar o Botafogo — e destacou a importância do Mais Botafogo, grupo que deixou, na política do clube. Membro do Conselho Diretor, ele encerrou a entrevista, ao telefone, falando em sorte, algo que os botafoguenses prezam muito.

— A superstição é importante. Eu digo isso por origem, pelo amor que tenho. Minha esposa é botafoguense e eu a chamo carinhosamente de “estrela solitária”. Na minha gestão, quando parecia não haver solução para uma questão, as coisas simplesmente aconteciam da melhor maneira. Tenho boa estrela, me considero um cara de sorte. Não teremos divisionismos no clube. Seguirei como um membro do Conselho Diretor e com as minhas opiniões, nem sempre as mais importantes. O colegiado seguirá superior. E estaremos unidos, sempre, em prol do Botafogo.

 

Por Caio Blois para Lancenet